Grupo Um - Uma Lenda ao Vivo
Festival Jazz na Fábrica
Teatro do Sesc Pompeia, 20/8/15, 21h00
São Paulo



Jazz na Fábrica recebe Grupo Um, uma lenda ao vivo

Nos 35 anos de lançamento de seu álbum de estreia, Marcha Sobre a Cidade, show no festival Jazz na Fábrica 2015 traz de volta a música de vanguarda do Grupo Um, conjunto instrumental que fez sucesso entre 1976 e 1984, trouxe uma música livre e inovadora, lançou três álbuns e virou lenda

O Grupo Um é considerado pela crítica um dos mais ousados, densos e radicais experimentos sonoros já empreendidos no Brasil. Formado em 1976 pelo pianista e compositor Lelo Nazario e pelo baterista e percussionista Zé Eduardo Nazario, que, na época, atuavam na banda de Hermeto Pascoal, o grupo se destacava como representante de ponta da vanguarda paulista, combinando linguagens contemporâneas com a riqueza rítmica da música popular.

Liderado pelos irmãos Nazario, o grupo, que atuou até 1984 com diferentes formações, lançou três álbuns, que mostram uma concepção arrojada e uma proposta estética inovadora. Marcha Sobre a Cidade, o disco de estreia, lançado em 1980 no Teatro Lira Paulistana, foi o primeiro LP
instrumental independente produzido no país e é considerado um dos registros mais importantes da música brasileira. Além de Lelo Nazario, que assina a maioria das composições tocadas pelo conjunto, e seu irmão Zé Eduardo, o disco trazia o baixista Zeca Assumpção, o saxofonista Mauro Senise e o percussionista Carlinhos Gonçalves.

Um grupo de vanguarda

Síntese de elementos da música erudita contemporânea, do jazz moderno, da percussão de ponta e da rítmica afro-brasileira, Marcha causou um grande impacto no público e na crítica, que recebeu o disco com entusiasmo e elogios. Em fevereiro de 1980, o jornalista Wladimir Soares, do Jornal da Tarde, destacava que o álbum trazia “o jazz mais criativo e profissional que desconhece barreiras”, enquanto que, para Francisco Rienzi, da Tribuna de Santos, tratava-se de um disco “para quem não parou no tempo”.

Segundo o crítico José Domingos Raffaelli, em resenha intitulada “Um grupo de vanguarda”, publicada no Jornal do Brasil em março daquele ano, Marcha representava “um passo à frente na música instrumental em nosso país”. O crítico Roberto Muggiati, na revista Manchete de abril de 1980, destacava “o elevado nível dos jovens músicos”. Para João Marcos Coelho, em crítica na Folha de S. Paulo em março de 1981, entre os álbuns instrumentais independentes, Marcha era “o mais denso em inovações”.

O grande sucesso do álbum motivou o lançamento de uma segunda edição pelo selo Lira Paulistana em 1981. Logo, essa projeção no cenário musical brasileiro se estendeu à Europa, onde o grupo lançou Marcha pela gravadora francesa Syracuse em 1983 e realizou concertos que incluíram a então famosa casa de jazz New Morning, em Paris, a Radio France e o Festival de Jazz de Grenoble.

Ainda em 1981, o grupo lançou Reflexões Sobre a Crise do Desejo, que contou com Lelo no piano, Zé Eduardo na bateria, Mauro Senise no sax, Rodolfo Stroeter no baixo e Felix Wagner no clarinete. Considerado um dos dez melhores álbuns do ano pela revista Manchete, o disco reafirmava “o compromisso do Grupo Um com essa mistura especial de música de vanguarda, o jazz e a música brasileira contemporânea”, como recordou Lelo Nazario. Para João Marcos Coelho, da Folha de S. Paulo, o Grupo Um se afirmava “como o mais fecundo núcleo de criação, porque mergulhou numa produção musical sistemática, sem concessões”.

Seu terceiro e último álbum, A Flor de Plástico Incinerada, lançado pelo selo Lira Instrumental em 1983, contou com a participação de Lelo, Zé Eduardo, Rodolfo, Felix e, nos sopros, Teco Cardoso. Seguindo os passos dos discos anteriores, aqui o grupo aprofunda o uso de sons eletrônicos/concretos e sintetizadores combinados com instrumentos acústicos, uma tendência iniciada em Reflexões e uma grande inovação à época. Roberto Muggiati, crítico de Manchete, escreveu na ocasião que A Flor se mostrava “mais comprometido com a música instrumental contemporânea, sem nenhum sotaque, incursionando pela música de vanguarda, sem cair na monotonia”.

Referência de inventividade na música brasileira

Após um ciclo de intensa criação, o Grupo Um se dissolveu em 1984. Em oito anos de atividade, o conjunto, que viera anunciar uma era de inquestionável inventividade e pioneirismo, avançou as fronteiras
da produção independente e da moderna música instrumental. Sua trajetória representou uma abertura para o músico brasileiro e estabeleceu um novo padrão de criação.

Ao longo do tempo, o Grupo Um se tornou uma referência para os músicos e um cult entre apreciadores de música instrumental e jazz e até entre fãs de jazz-rock, mesmo após décadas de sua dissolução. Virou lenda.

Em 2002, o selo Editio Princeps deu início à reedição da trilogia do grupo em formato digital. Nos CDs, que trazem faixas bônus inéditas, gravadas naquela mesma época, é fácil ver por que o conjunto permanece o mais fecundo e ousado núcleo de criação da música de vanguarda
no Brasil. Marcado por um pensamento musical altamente estruturado, por um experimentalismo de ponta e por uma total liberdade criativa, o Grupo Um sintetizou a busca por uma música essencialmente brasileira e contemporânea, cujo resultado chega até hoje insuperável e atemporal.

A edição em formato digital foi comemorada por críticos e admiradores. “Difícil não se emocionar ao ver, finalmente relançado em CD, um disco que é um dos registros mais importantes de toda a música instrumental brasileira”, afirmou o crítico Valter A. Bezerra, em resenha no site Ejazz, em 2003. O Marcha “não envelheceu nada”, complementou.

Jazz na Fábrica recebe Grupo Um, no Sesc Pompeia

Em comemoração aos 35 anos de lançamento de Marcha Sobre a Cidade, “uma das realizações mais sérias já levadas a efeito entre nós, sem concessões de qualquer espécie”, como destacou o crítico José Domingos Raffaelli, o Grupo Um se reúne novamente em um show especial dentro da programação do festival Jazz na Fábrica, edição 2015.

Pela primeira vez em mais de trinta anos, Lelo Nazario, Zé Eduardo Nazario, Mauro Senise, os três da formação original de Marcha, e Felix Wagner, outro membro do grupo, sobem ao palco juntos no Teatro do Sesc Pompeia, acompanhados por Frank Herzberg.

Para matar a saudade, o repertório do show, que acontece no dia 20 de agosto, às 21 horas, traz as seis faixas originais de Marcha Sobre a Cidade, incluindo a faixa-título, “um dos momentos mais empolgantes do disco”, na opinião de Raffaelli, além de músicas dos outros dois álbuns. Para os fãs, a chance para relembrar e se emocionar. Para os amantes da boa música, uma oportunidade única para conhecer a vertente mais ousada e moderna da música brasileira. Imperdível!

Músicos
Lelo Nazario | teclados, sons eletrônicos
Zé Eduardo Nazario | bateria, percussão
Mauro Senise | saxes, flautas
Felix Wagner | clarinete baixo
Frank Herzberg | baixo acústico

Sobre o Jazz na Fábrica

O festival se tornou um dos maiores e mais diversificados do segmento no Brasil. Desde 2011, trouxe aos palcos da Choperia e do Teatro do Sesc Pompeia nomes representativos do jazz internacional (como McCoy Tyner, Cassandra Wilson, Dee Dee Bridgewater, Cedar Walton, David Murray, Christian Scott, Archie Shepp etc.) e da música brasileira identificada com o jazz (como Raul de Souza, Leny Andrade, César Camargo Mariano, Eliane Elias, João Donato, Cyro Batista, Airto Moreira, Letieres Leite, Duo Nazario etc.), além de nomes que têm despontado nos últimos anos no cenário mundial (como Avishai Cohen, Ibrahim Maalouf e Richard Bona).

Com uma perspectiva abrangente, a programação tem procurado contemplar este grande universo que compõe a produção jazzística mundial em sua diversidade de estilos e origens, além das possíveis aproximações e assimilações interculturais, das quais tem resultado no desenvolvimento das suas diferentes tendências, desde meados do século XX, oferecendo ao público frequentador do Sesc uma variada riqueza sonora.


Jazz na Fábrica recebe Grupo Um, uma lenda ao vivo
Dia 20 de agosto de 2015, quinta-feira, às 21h
Teatro do Sesc Pompeia
Ingressos: R$ 12,00 (credencial plena/trabalhador no comércio e serviços matriculado no Sesc e dependentes), R$ 20,00 (credenciado/usuário inscrito no Sesc e dependentes, +60 anos, estudantes e professores da rede pública de ensino) e  R$ 40,00 (inteira).
Classificação indicativa: Não recomendado para menores de 12 anos.

SESC Pompeia – Rua Clélia, 93, São Paulo
Não há estacionamento. Informações sobre outras programações: http://www.sescsp.org.br
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